Chuva: a arte de guiar no molhado

foto de Arquivo

A má visibilidade é um dos maiores problemas na chuva

A chuva causa milhares de acidentes todos os anos. No Brasil, principalmente nas regiões centrais e sudeste, o verão é a estação das águas. Portanto, é preciso saber lidar com pistas molhadas ou até inundadas.

A maioria dos acidentes causados pela chuva pode ser evitada. Infelizmente, há motoristas que escolhem ignorar o perigo em nome da pressa. Até na Fórmula 1 se anda mais devagar quando chove – quem tenta ser mais rápido que os outros, se não for um gênio, acaba se dando mal. O que dizer de motoristas normais?

Quando o pavimento fica molhado, a camada de água sobre ele faz com que os pneus percam aderência. Além disso, a chuva reduz a visibilidade dos motoristas. É mais difícil enxergar à distância sob chuva, os faróis iluminam menos, o pára-brisa perde transparência e as próprias ruas e estradas ficam mais escuras. O ideal, mesmo, é ficar em casa, esperando o mal tempo passar.

Já que nem sempre é possível, a recomendação básica para andar na chuva é reduzir a velocidade, coisa que até aqueles motoristas que ignoram a segurança sabem que deveriam fazer. Mas há outras dicas que podem ajudar você a escapar de situações de risco.

Cuidado com o começo – Nos períodos sem chuva, poeira, óleo e graxa se acumulam no asfalto, impregnando a superfície da estrada. Quando essa pasta se mistura à água, no início de uma chuvarada, torna a pista extremamente escorregadia. A continuação da chuva, normalmente, acaba lavando o óleo da pista, mas esse processo pode levar algumas horas, dependendo da intensidade da precipitação e das condições locais.

Mude seus planos – Queira ou não, você não vai poder manter na chuva a média horária a que está acostumado no seco. Além de ser prudente diminuir a marcha, o tráfego todo já estará mais lento. Portanto, não se pressione para chegar no horário programado. Forçar ultrapassagens e andar no limite, além de multiplicar os riscos já existentes, só vai aumentar a tensão e fazer você cansar mais na viagem. Suavidade é o segredo – Freie mais cedo e com menos força do que o normal. Desta forma, você irá manter a distância do carro da frente e, ao mesmo tempo, dar chance ao que vem atrás para diminuir também a velocidade.

Sinalize com bastante antecedência quando for fazer curvas, parar ou diminuir a marcha. Faça com que os outros motoristas entendam o que você vai fazer.

A maioria das ruas e estradas é mais alta no meio, para que a água corra para as laterais. Por isso, sempre que for possível, fique perto do centro, para evitar possíveis poças d’água acumuladas próximo ao acostamento.

Evite poças d’água – Elas podem esconder buracos ou bueiros abertos. Além disso, a água levantada ao cruzá-las pode molhar o interior do compartimento do motor, danificando o sistema elétrico.

Outro problema com as poças d’água é que elas podem “frear” as rodas de um lado do carro, levando o motorista a compensar virando a direção no sentido contrário. Ao sair da poça, em vez de manter a linha reta, o carro pode virar subitamente para lado, causando uma rodada e, possivelmente, um acidente. Essa situação ocorre com mais freqüência do que se imagina e é muito perigosa, principalmente em meio ao tráfego pesado e em vias de duas mãos.

Fuja da água corrente – A imensa maioria dos carros perdidos em enchentes se deve às tentativas de passar por lugares onde a água está correndo. Mesmo se você estiver num 4×4, evite a situação. Nada vai adiantar ter tração nas quatro rodas se a correnteza empurrar seu jipão lateralmente. Não tente ser mais forte que a natureza. Após passar por lugares inundados, toque de leve no freio, para eliminar parte da água dos discos e tambores.

Acenda os faróis – Mesmo durante o dia ou se a chuva for fraca. Se isso não ajudar você a ver melhor o caminho, vai fazer com que os outros motoristas vejam você mais cedo. Lembre-se de que vivemos uma era de carros cinzentos ou pretos e que muitos motoristas, em nome de uma suposta segurança contra assaltos, optam por cobrir os vidros com películas que diminuem enormemente a visibilidade à noite ou na chuva.

À noite, use luz baixa. O farol alto reflete na chuva que cai e acaba ofuscando. Se seu carro tiver luzes de neblina, que iluminam com maior intensidade a região mais próxima à frente, use. Elas ajudam bastante.

Cuidado com os pedestres – A chuva também atrapalha quem anda a pé. Por isso, principalmente na cidade, cuidado com gente que atravessa correndo as ruas, muitas vezes às voltas com um guarda-chuva empurrado pelo vento.

O ruído da chuva também encobre o ruído dos carros, aumentando os riscos para os pedestres. Redobre a atenção.

Se a chuva for forte demais – Se não der para ver as bordas da estrada ou o carro que anda à sua frente, paciência. Ache um lugar seguro, estacione e espere o tempo melhorar.

Ônibus e caminhões – Muito cuidado ao chegar perto deles. Esse veículos costumam levantar uma nuvem d’água capaz de tirar totalmente a visão de quem passa ao seu lado. Evite ultrapassá-los. Se não for possível, passe o mais rápido que as condições permitirem.

Vidros embaçados – Se a visibilidade na chuva já é crítica, evite piorá-la com vidros embaçados. Se seu carro tiver ar-condicionado, ligue. Outra alternativa é o sistema de ventilação e o de aquecimento. É melhor passar alguns minutos de calor, dirigindo o fluxo de ar para o pára-brisa, do que andar em “vôo cego”. Use, também, o desembaçador do vidro traseiro – muita gente nem sabe que seu carro dispõe desse equipamento.

Se o pior acontecer – Se seu carro hidroplanar, isto é, não reagir à mudança de direção no volante ou continuar a andar na mesma velocidade quando você pisar no freio, alivie o pedal e tente manter o volante reto.

Só tente frear, acelerar ou mover o volante quando sentir que o carro voltou a ganhar tração. Se precisar frear no meio d’água e seu carro não tiver ABS, pise no pedal de leve e alivie a pressão assim que sentir qualquer deslizamento.

Se seu carro tem ABS, aprenda a usá-lo. Nesse caso, você deve frear de forma constante, que o equipamento se encarrega de evitar o bloqueio das rodas. Mas não abuse, andando mais rápido por causa disso: a eletrônica não substitui o bom-senso.

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